O HUMILDE INICIADO
Todas as coisas são complicadas para todos, e essa ligação é sagrada; e difícilmente as coisas estão desconectadas umas das outras. Pois as coisas têm sido coordenadas, e se combinam para formar a mesma ordem. Por isso existe um universo feito de todas as coisas, e um Deus que permeia todas elas, e uma substância, uma lei, uma razão comum em todos os animais inteligentes, e uma verdade.
Marcus Aurelius, Meditações, vol. VII
Ao final de 32 meses de estudo numa faculdade (do Latin: collegium, “a conexão de associados”) ou universidade (do Latin: universitas, “o todo, agregado”), o candidato a graduação raramente pensa sobre o significado esotérico da cerimônia de graduação. Todos os participantes vestem seus mantos e chapéus no estilo acadêmico. O chapéu parece um “mata-borrão”, com a parte de cima quadrada e embaixo um lugar circular para se encaixar na cabeça, com uma fitinha pendurada acima. Durante o ritual, o graduado deve se levantar numa altura elevada na esquerda para se encontrar com um indivíduo vestido de preto, o tutor vestindo um chapéu de cinco lados. Esta pessoa ou cabeça da mesa, oferece um diploma ou pergaminho (do grego: δίπλωµα “papel enrolado”) indicando que o graduado o recebeu com a mão esquerda, e ele o cumprimenta com a sua mão direita. Descendo o nível pelo lado direito, os participantes movem sua fitinha de um lado do “mata-borrão” em um arco da direita para a esquerda, imitando o caminho em arco de sol de horizonte a horizonte, e formando a porção mais baixa do símbolo maçônico do quadrado e do compasso.
O que talvez o novo graduado não saiba é que ele ou ela está meramente parcitipando de uma cerimônia de iniciação, e para aquele que tem entendimento, o significado do ritual confirma ao participante o status vulgar (do Latin: vulgus, “a pessoa comum, a multidão, a torcida, o povo”). Essa ini ciação não é algo de uma alta classe intelectual; mas simplesmente permite uma oferta de base simbólica e humilde para os artesãos como aprendiz humilde que transportadora uma ferramenta. O sacerdócio daqueles que são capazes de outorgar graus consideram os graduados como trabalhadores de base envolvidos meramente como “trabalho” místico.
Considerem os componentes individuais simbólicos da graduação. O canudo ou ferramenta que o graduando carrega representa o meio pelo qual ele temporariamente mantém a argamassa para que o pedreiro possa aplicar à superfície usando uma ferramenta diferente. Como o chapéu, ele consiste de um tabuleiro de aproximadamente nove polegadas quadradas, mas com um pegador perpendicular fixado no centro do lado oposto. De maneira similar como o reitor entrega o diploma ao graduado, o pedreiro artesão segura a ferramenta horizontalmente com a mão esquerda e aplica o material (habilita a “ferramenta”, que é o graduado) segurando na direita.
A maioria das pessoas hoje não tem idéia do afortunado momento no qual estão vivendo. Literatura, mitologia e volumes de pesquisa histórica tem se tornado livres para qualquer um no planeta. Existem ferramentas de etimolgia para o Latin, Grego antigo e Hebraico. Os trabalhos de Platão, Aristóteles, Homero, Pitágoras, Strabo e Josephus podem ser rapidamente pesquisados por palavras específicas, e as próprias palavras podem ser decifradas de seu idioma original letra por letra. Em contraste a isso, uma pessoa fluente em Latin, Grego e Hebraico que tiver tido acesso à todas as bibliotecas da Europa durante o Renascimento, poderia ter sido incapaz de duplicar a quantidade de pesquisa numa vida inteira comparado a uma pessoa mediana pode fazer hoje do seu computador num período de poucos meses.
Imaginem o quanto Isaac Newton teria gasto em dinheiro comparado ao que as pessoas que vivem hoje compram com tão pouco em livros. Tamanha riqueza obtida de graça em informações do século dezessete seria hoje incalculável. Mesmo o acesso a essas informações ser algo miraculoso no sentido de sua mera existência, é triste que as atividades de uma pessoa comum que vive nos dias de hoje são centralizadas principalmente na perseguição dos prazeres básicos e em se livrar das dores.
Desde a Idade Média, a mitologia tem sido uma importante parte da educação clássica, junto a habilidades requeridas em idiomas como o Latin, Grego e Hebraico. Pitágoras ensinava habilidades de raciocínio eram necessárias para o estudo sério da filosofia e teologia (isto é, mitologia). Um estudante era preparado por primeiramente estudar gramática, lógica e retórica, e depois ia para o quadrivium, ou os “quatro assuntos”: aritmética, astronomia, geometria e música. A busca intelectual pelo conhecimento do mais alto nível ou classe (trabalhos clássicos) era o da mitologia do antigo mundo Mediterrâneo. Era a mais alta classe de conhecimento e era sagrado no sentido de que os estudantes poderiam chegar nele depois de terem provado merecimento. Depois desse estágio, o estudante então requeria igualmente um mentor capacitado.
Hoje, os típicos estudantes de faculdade/universidade, completam um curso de estudo com o simples objetivo de se tornarem suficientemente capazes de realizar algum trabalho. Eles são sortudos em terem recebido nada mais do que apenas uma pesquisa de curso da antiga mitologia. Hoje, os estudantes sérios desses assuntos são deixados de lado intencionalmente. E deve ser dessa maneira por causa do fato de que a informação atual acessível em níveis de magnitude são maiores do que as que eram há dois mil anos atrás, e aprender sobre elas e o significado por trás da mitologia, que antes eram ensinados, é feito apenas para alguns poucos escolhidos.
O grande segredo relativo à toda raça humana tem sido, em sua base quitenssencial, pedido para ser mantido em segredo de todos, menos daqueles chamados merecedores. Por séculos, Maçons tem sido instruídos a esconder seus segredos das pessoas vulgares. A “Obrigação do Primeiro Grau”, ou juramento de segredo, do livro Ritual and Monitor of Freemasonry de Malcolm C. Duncan, escrito em 1866, descreve essa diretiva:
“Eu…venho através deste aqui solenemente e sinceramente prometer e jurar, que sempre vou saudar, sempre ocultar e nunca revelar, nenhuma das artes, partes ou pontos dos mistérios ocultos da Antiga Maçonaria, o que pode ter sido, ou futuramente deve ser, neste momento, ou em qualquer período futuro, comunicado a mim, como tal, a qualquer pessoa ou pessoas quaisquer, exceto que seja um verdadeiro e confiável irmão Maçon, ou numa Loja Maçônica regulada e devidamente constituída.
Tudo isso eu solenemente, sinceramente prometo e juro, com uma resolução firme e constante para executar a mesma, sem qualquer reserva mental ou evasão de segredos da mente que seja, eu mesmo vinculo sob pena de não menos do que a de ter minha garganta cortada transversalmente, minha língua arrancada pela raiz e meu corpo enterrado nas areias ásperas do mar, em maré baixa, onde os refluxos das marés e fluxos duas vezes em 24 horas, eu nunca deveria conscientemente violar esta minha obrigação de Aprendiz Iniciado.”
A crença de que o estudo da filosofia e mitologia é a forma mais alta de busca intelectual nunca diminuiu; o valor pela busca do conhecimento da mais alta classe nunca foi esquecido. Um grupo seleto possui as respostas à questões e conceitos que a maioria das pessoas nunca jamais considerou. Os mantenedores do conhecimento o restringem, devido à sua nefasta fonte que os instruem a fazê-lo.
Entendendo a importância a qual os antigos atribuem aos clássicos nos leva à pergunta: O que podemos ganhar através do conhecimento deles? Uma boa maneira de se preparar para essa resposta neste ponto é mostrarmos as questões que este livro irá responder:
- Existe algum significado por trás das várias formas arquiteturais clássicas usadas pelo mundo e especificamente em Washington DC?
- Por que a deusa grega Atena é tão representada na arte e na arquitetura? Quando ela primeiramente apareceu na história?
- Qual é o significado por trás do triângulo referido a Atena que Pitágoras tanto usava?
- Por que os personagens e história da guerra de Tróia ainda são lembrados hoje, mesmo sabendo que a cidade de Tróia tendo sido ensinada como sendo fictícia até a sua descoberta em 1868?
- Por que os símbolos sagrados das antigas religiões misteriosas das civilizações do Egito, Babilônia e Anatólia foram rapidamente adotados pelos Gregos e Romanos, e por que eles permanecem na Maçonaria?
- Qual era o significado do culto romano a Mitras?
- Como as respostas a essas perguntas nos dão um insight ao significado dos símbolos enigmáticos na nota de um dólar, a moeda dos EUA?
Temos a vantagem de estarmos num tempo rico em informações que nos ajudam a responder essas questões. Aida mais, essa exploração começará com a única perspectiva de que existiu um início comum para toda lenda mitológica e de que existia uma entidade fundamental envolvida. O entendimento de quem, e a natureza da fonte, é extremamente vital para ganharmos entendimento da história e destino de nosso mundo. Essa fonte tem suprimido o entendimento da alta classe do conhecimento, pois ela seria contraprodutiva para o mais alto de seus objetivos: fazer com que o maior número possível de pessoas esquecesse ou nunca acreditasse na existência de um criador. Entendendo os eventos do passado relacionados ao homem e à entidade conhecida como o “fornecedor do conhecimento”, requer que creiamos no Deus que o criou. Reciprocamente, aprender que o fornecedor desse conhecimento realmente existe, também manifestará uma fé inabalável no Deus criador.
Como um labirinto, as histórias nos mitos há milênios tem sido intencionalmente ofuscadas para esconder os segredos das pessoas vulgares. Frequentemente, os caminhos que levam à descoberta por trás do significado das histórias, personagens e idéias nos mitos muitas vezes vêm com finais abruptos onde o estudante deve redesenhar seus passos em caminhos alternativos para ganhar conhecimento. Os caminhos de um labirinto imitam o método da exploração e descoberta usados nesse livro, e são consistentes com a natureza dos assuntos cobertos. Na história de Teseus e o Minotauro, Teseus recebeu novelo conhecido a “pista” que o ajudou através do labirinto. Esse livro será o novelo ou pista através do labirinto, onde cada objeto explorado adicionará revelações sobre a confusão e mostrar um caminho de maneira que possamos escapar para o melhor entendimento possível.
Em educação, expomos o estudante à informação de maneira global, deixando de fora várias relações significativas entre conceitos que possam ser pesquisados e repentinamente apresentarem um entendimento mais completo conhecido como método gestalt (do alemão: “essência ou perfil da forma completa de uma entidade”), no filósofo do século dezenove chamado Christian von Ehrenfels (1859-1932). Através da exploração, aquele que procura a verdade encontrará tudo o que precisa para um momento de gestalt, quando um entendimento de repente coalesce. Esse é o caminho através do labirinto onde cada assunto explorado traz novas escolhas de direção.
O mito do Minotauro, o monstro metade-homem, metade-touro, diz que ele ficava esperando no centro do Labirinto de Knossos. Temos que ver que não precisamos matar o Minotauro para encontrar a saída do labirinto como Teseus fez. Podemos fazer muito mais: Podemos entender o que o complexo labirinto da mitologia representa, assim como as identidades místicas dos personagens envolvidos e como eles se relacionam com nossa existência.
A informação nesse livro oferece um caminho que mostra uma maneira que oferece liberdade da ignorância, e é bem diferente do que é desejado por um iniciado na escola de mistérios. As pistas apresentadas são direcionadas para aqueles que não são da elite e não estão presos, pois o objetivo é contrário aqueles dos da elite.
O grande segredo sobre a raça humana que tem sido escondido de todos, menos daqueles que são merecedores, é o de que com isso, estes poderão entrar num processo de tornarem-se “como deus”. Indo adiante e encontrando a origem da gênese desse segredo nos trará ao entendimento do verdadeiro caminho, o que nos levará à vida eterna.
A porta que precisamos abrir para entrarmos no Labirinto é também o local da gênese da humanidade, o Jardim do Éden.
Locus amoenus – Éden
O locus amoenus ou “lugar de deleite” era um local idílico de romance, conforto e segurança. O termo em latin perdurou pela literatura dos romances medievais e tipicamente consistia em três elementos: árvores, grama e água, geralmente descritos cercados por um muro.
De acordo com a teologia judaico-cristã, Deus criou a humanidade no Jardim do Éden:
E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; pôs ali o homem que tinha formado. Gênesis 2:7-8
Foi no jardim (do hebraico: gan, גַּן, “jardim fechado, murado”, da raíz ganan, גָּנַן, “defender, cobrir, ao redor”) onde Deus andava com a Sua nova criação em harmonia. A perfeição desse estado onde o homem e Deus coexistiam era a definição absoluta de paraíso. “Éden” em hebraico significa “deleite”.
Metamorphoses (do latin: Metamorphoseon Libri, “Livro das Transformações”), foi escrito pelo poeta romano Publius Ovidius Naso (43 AC – 18 DC), ou Ovídio, e é considerado um dos mais influentes trabalhos da literatura da cultura ocidental. Ele é composto de 250 mitos que contam a história do mundo desde a Criação até a glorificação de Julius Caesar. A primeira tradução em inglês do hexâmetro em latim foi feita por William Caxton em 1480.
Em Metamorphoses, Ovídio descreveu várias situações que ocorriam nos “jardins de deleite” (locus amoenus) que se transformariam em locais de violência e calamidade (locus horridus), acentuando a dor e a experiência da perda pelos personagens envolvidos. O livro de Gênesis descreve o primeiro jardim que sofreu uma mudança da perfeição para a calamidade:
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Gênesis 2:8-9
Só existia um mandamento de Deus para o homem que ele não deveria fazer, que era o de não poder comer da fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal:
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:16-17
Adão e Eva não podiam entender a morte, uma vez que a Árvore da Vida era acessível e eles nunca tinham visto, ouvido falar ou experimentado a morte de maneira nenhuma. Comendo o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal levou à transformação do locus amoenus para locus horridus.
Então Ele expulsou o homem; E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida. Gênesis 3:24
Deus não teria feito Adão e Eva incapazes de apreciar a Sua criação ou a Sua presença. Ele não criou o paraíso e de alguma forma limitado a habilidade de seus habitantes de experimentarem harmonia, paz, amor, vitalidade, apreciação da beleza e harmonia com Ele. A árvore não ofereceu apenas o conhecimento do mal, mas do mal junto com o bem. Em outras palavras, o fruto não fez com que a terra se tornasse um lugar absolutamente mal ou sombrio, mas um local onde o mal poderia sutilmente ter permissão para infectá-lo.
De acordo com a narrativa de Gênesis, uma criatura que obviamente fora criada antes do homem, entrou o reino do céu na terra de maneira a convencer Eva a experimentar do fruto da árvore. Em hebraico, o nome dessa criatura é Nachash. É importante entender que Nachash foi o nome da criatura antes dela aparecer para Eva no jardim.
CONTINUA…