O GRANDE INÍCIO – PARTE 06

A Misteriosa Origem dos Deuses do Egito

Quando Moisés aparece em cena, ao redor de 1.500 a.C., os hebreus já estavam no Egito há mais de cem anos. Os dias que José serviu como vizir ao faraó já haviam se passado. Os hebreus cresceram se estendendo de uma família de umas seis dúzias para alguns milhões, mas eles estavam sofrendo sob o governo de uma nação que não valorizava mais a sua presença, exceto como força de trabalho.

Então Yahweh colocou a próxima fase do Seu plano em andamento. Depois de guiar a vida de Moisés desde a infância até a idade adulta (vocês não acham que ele sobreviveu àquela viagem na cestinha por acidente né?!), Yahweh apareceu a Moisés em seu exílio e lhe deu a tarefa de tirar Israel do Egito. E a maneira pela qual Deus fez isso foi uma mensagem clara para os deuses do Egito.

O primeiro encontro de Moisés com Yahweh foi em Midiã. Era em Horebe, no norte do Sinai, a última parte de Edom (ao contrário das antigas tradições que colocam a montanha ao sul do Sinai), o har eloim, ou monte de Deus. Entendam isso: o incidente da sarça ardente foi a primeira vez desde o Éden que um humano veio a ficar face a face com Yahweh em Seu monte santo. Não há dúvidas que os bene elohim, os Caídos, os setenta anjos rebeldes que Deus alocou para as nações depois de Babel, sabiam sobre esse encontro. Foi uma mensagem bem clara de Yahweh aos rebeldes: Reestabeleci meu monte da assembleia na terra.

O tempo finalmente havia chegado. Deus levou Moisés de volta ao Egito para trazer o Seu povo, Israel, para o lugar que Ele clamou como Seu: Canaã.

Yahweh escolheu convencer faraó e os egípcios não apenas a deixar Israel ir embora, mas encorajá-los a ir. Ele fez isso ao endurecer o coração do faraó através de uma série de provas cada vez mais difíceis até que o povo do Egito começasse a implorar ao faraó para deixar o Seu povo ir.

exodusExistem vários estudos que vocês podem achar online que fazem ligações entre as dez pragas que Yahweh infligiu ao Egito e deuses específicos do Egito. Por exemplo, a primeira praga de transformar o Rio Nilo em sangue. É dito que ela tenha sido direcionada a Hapi, o deus da cheia anual do Nilo. A segunda praga, os sapos, foi direcionada a Heqet, uma deusa da fertilidade adorada desde os primeiros períodos dinásticos, o tempo de Narmer e dos primeiros reis do Egito, aproximadamente 1.500 ou 1.600 anos antes de Moisés.

Esses até que combinam um pouco, mas quando pegamos a terceira e quarta pragas, as conexões ficam muito forçadas. A praga dos insetos ou mosquitos, depende da tradução que você leia, não se encaixa bem com nenhum deus egípcio conhecido. A praga das moscas é pareada por alguns a Khepri, um deus da criação. Mas Khepri tinha um escaravelho com cabeça e, dessa forma, também é algo bem forçado.

Alguns dos pastores e professores que publicaram esses estudos são pessoas muito inteligentes e os quais respeito. No entanto, com todo respeito a esses pastores-professores, eles subestimaram um conflito sobrenatural muito maior. Entender esse confronto mostrará a vocês porque tentar ligar as dez pragas a deuses egípcios específicos é olhar na direção errada. Mais precisamente, é ver o panteão de maneira completamente errada.

Sim, Yahweh demonstrou com as dez pragas que o Seu poder era superior aos dos deuses nos quais os egípcios confiavam em manter o Nilo fluindo e as plantações crescendo. E sabemos como fato que Yahweh machucou os deuses do Egito na noite que Ele tomou as vidas dos primogênitos do Egito.

Como sabemos? Ele disse a Moisés.

Porque naquela noite passarei pela terra do Egito, e ferirei todos os primogênitos na terra do Egito, tanto dos homens como dos animais; e sobre todos os deuses do Egito executarei juízos; eu sou o Senhor.

Êxodo 12:12

Como é que Yahweh disse a Moisés que Ele estava para punir seres imaginários representados por ídolos de madeira e pedra? Por que ele diria isso? Como isso estabeleceria Seu poder e glória se eles não existissem?

Não, alguma coisa aconteceu no reino espiritual na noite da Páscoa. Quando Yahweh passou pela terra do Egito, tomando as vidas dos primogênitos humanos e animais, Ele simultaneamente executou Sua sentença sobre os bene elohim, as entidades que se rebelaram e se fizeram como deuses no Egito.

Aqui vai um detalhe fascinante que nunca ouvimos falar na igreja: parece que havia uma tradição muito antiga no Egito, um mito antigo datado de séculos antes do Êxodo, de que um dia viria e os primogênitos do Egito morreriam. As pirâmides da 5ª Dinastia do rei Unas, 2.350 a.C, e da 6ª Dinastia do rei Teti, 2.320 a.C., estão inscritas com essa linha de uma forma bem conhecida chamada de “Hino Canibal”:

É o rei quem será julgado por Aquele-cujo-nome-está-escondido neste dia de morte dos primogênitos.

Frases similares são encontradas em outros caixões dos Reinos Médios do Egito, incluindo uma variante onde lemos “essa noite de morte dos primogênitos”. Alguns estudiosos acreditam que o contexto dos Textos dos Caixões e os Hinos Canibais aos primogênitos pertencem aos deuses, embora essa não seja uma visão compartilhada por todos egiptólogos.

O que isso significa? Os estudiosos não têm certeza. Mas parece que na época do Êxodo havia uma tradição bem antiga no Egito de um pesadelo num evento futuro quando os primogênitos seriam mortos.

Consideram essa possibilidade: talvez os Textos dos Caixões e os “Hinos Canibais” fossem um antigo alerta ao Egito deste dia vindouro de julgamento. E quarenta anos antes no Monte Sinai, Yahweh revelou a Moisés que Ele era Aquele-cujo-nome-estava-escondido, EU SOU QUEM EU SOU, Aquele que um dia cumpriria a profecia de matar os primogênitos.

É claro que isso é especulação, mas é fascinante. E ainda não chegamos na melhor parte ainda.

Os estudiosos de hoje, 3.500 anos depois, ainda argumentam sobre onde a travessia do Mar Vermelho aconteceu. Não falaremos disso aqui. Se isso ainda não foi estabelecido, não iremos cobrir essa questão com apenas alguns parágrafos. Além disso, isso não é importante por agora. O que importa é que Yahweh disse para Moisés fazer depois.

Então o Senhor disse a Moisés,

2Fala aos filhos de Israel que se voltem e se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o acampamento junto ao mar.

Êxodo 14:1-2

Tudo bem, isso levanta algumas perguntas: Por que Deus disse a Moisés para voltar? Por que Ele mandou Moisés acampar em frente a Baal-Zefom? E mais, o que Ba’al estava fazendo no Egito?

Vocês sabem que Ba’al era o deus-trovão dos cananeus e o rei do panteão deles. Ele é mencionado no Bíblia desde o Livro do Êxodo até os Evangelhos. Ba’al, que é corretamente pronunciado bah-awl com uma parada gutural, tipo “Uh-oh”, era o principal espinho para os Israelitas, especialmente aqueles fiéis a Yahweh, pelos próximos 1.500 anos até os dias dos tempos de Jesus.

Mas durante o Segundo Período Intermediário no Egito, a aproximadamente 1.750 a 1.550 a.C., estrangeiros de Canaã chamados de Hyksos, governavam o norte do Egito. Sua capital estava numa cidade chamada de Avaris no delta do Nilo, e eles adoravam os deuses do panteão cananeu, cujo líder era Ba’al.

É por isso que os esforços bem-intencionados em identificar os deuses egípcios como alvos para as pragas estão direcionados ao panteão errado. Durante a maior parte do tempo em que os Israelitas estiveram no Egito, aproximadamente entre 1.665 a.C e 1.450 a.C, o país estava dividido. Os governantes egípcios nativos só controlavam a parte sul do país que, de forma bem estranha para nós americanos, era chamada de Alto Egito. A sua capital era Tebas. O Baixo Egito (norte) estava sob o controle de Hyksos, e seus deuses eram aqueles adorados pelos habitantes semitas do Levante e Mesopotâmia.

Não sabemos se Hyksos ainda estava por lá no tempo do Êxodo. Em algum ponto, provavelmente enquanto os Israelitas ainda viviam em Goshen no Delta do Nilo, um rei egípcio decidiu que já era o bastante e trouxe um exército no norte para tirar Hyksos de lá. A revolução começou sob Seqenenre Tao, cuja múmia em má conservação mostra que ele provavelmente perdeu sua última batalha contra os Hyksos. Seus filhos, Kamose e Ahmose, continuaram a batalha, e Ahmose finalmente expulsou os odiados asiáticos depois de uma guerra que parece ter durado pelo menos vinte anos.

Vocês notaram a similaridade entre os nomes dos filhos de Seqenenre e Moisés? Sim, Moisés é um nome egípcio.

Parece que os Hyksos deixaram Avaris sob um tratado de negociação, mas Ahmose aparentemente mudou seu pensamento sob o acordo. Ele perseguiu os Hyksos em direção a Canaã, encontrando-os numa fortaleza dos Hyksos chamada Sharuhen, uma cidade no Deserto Negev ao sul de Israel, ou perto de Gaza (Josué 19:6 a coloca no território da tribo de Simeão). Depois de um cerco de três anos, Ahmose tomou a cidade e a arrasou, acabando com a influência cananeia no Egito de uma vez por todas.

O melhor que podemos dizer é que, parece que os principados e potestades que influenciavam os Hyksos, os trouxeram para o Egito precisamente do tempo da permanência dos Israelitas, e tudo o que aconteceu, incluindo a guerra pela independência do Egito, era parte de um plano maior: genocídio, algo que a casa de Israel tem sobrevivido por muitas vezes até hoje.

Considerem isso: justo quando José foi raptado pelos mercadores e levado para fora do Egito, preparando o terreno para que sua família seguisse e crescesse como uma nação, um grupo de pessoas que falavam o semita de Jacó, vizinhos e adoradores de Ba’al também chega ao Egito e tomam o governo dos nativos.

Coincidência?

Não. Analisando a história através das lentes bíblicas, o Segundo Período Intermediário no Egito foi aparentemente um plano do Caído para trazer um grupo específico ao poder na terra onde Yahweh havia liderado os Israelitas. O propósito era destruir as pessoas que Deus havia escolhido para Si mesmo.

Independente de como isso começou, a longa guerra entre os egípcios nativos no sul e os estrangeiros Hyksos no norte poderia explicar porque os Israelitas perderam seus favores. Se o poder mudou das mãos dos senhores semitas para os reis egípcios nativos, os hebreus que falavam semita seriam vistos como potenciais colaboradores do inimigo. A narrativa em Êxodo se encaixa com a situação política nos meados do Século 15º a.C.

Entrementes se levantou sobre o Egito um novo rei, que não conhecera José. Disse ele ao seu povo: Eis que o povo de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Eia, usemos de astúcia para com ele, para que não se multiplique e aconteça que, vindo a guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós e se retire da terra.

Êxodo 1:8-10

As datas são incertas e os estudiosos se dividem sobre qual rei do Egito era o faraó do Êxodo, embora eles concordem que não era Ramsés II, mais conhecido como Ramsés o Grande, ou Yul Brynner, caso você seja velho o bastante para se lembrar do filme. Ramsés viveu e governou duzentos anos depois, entre 1.279 a.C. e 1.213 a.C.

Parece ter sido contraproducente para Ba’al liderar os Hyksos para dentro do Egito, montá-los como reis, e depois então permiti-los serem expulsos novamente pelos egípcios nativos dentro de um período de cem anos mais ou menos. Mas o ódio dos egípcios pelos Israelitas foi um produto da intervenção dos Hyksos. Além disso, apensar de vocês terem visto isso nos filmes ao longo dos anos, a adoração a Ba’al e outros deuses semitas no norte do Egito continuou por muito tempo depois que os Hyksos saíram de lá.

Durante o reino dos Hyksos, Ba’al era identificado como o deus Set, o deus egípcio das tempestades, do caos, do deserto e dos estrangeiros; se encaixando bem com Ba’al, aparentemente. Os Hyksos adotaram Set e juntaram os dois numa só entidade.

Hoje, se pensarmos em Set, às vezes chamado de Seth ou Sutekh, vemos ele como um deus mal que cortou seu irmão Osíris em quatorze pedaços. Ele era usualmente mostrado como um personagem bizarro com um corpo humano e uma cabeça de tamanduá. Mas como já mencionamos, Set nem sempre foi um vilão. No tempo dos Hyksos e por alguns séculos depois, Set ajudou o deus sol, Ra, na derrota da serpente má Apep/Apophis, a incorporação do caos, que tentou comer a nau solar de Ra todas as noites quando desaparecia no horizonte. Nesse conto, a vitória noturna de Set sobre Apep ecoou o mito semita no qual Ba’al derrotou o deus do caos do mar, Yam, e o seu servo dragão marinho, Lotan.

Pontos para você se notou a similitude entre o nome Lotan e o Leviatã da Bíblia. Essa é uma clássica pegadinha psicológica do Caído, clamando os feitos de Yahweh como se fossem dele.

Quando Apep atrasava o barco de Ra, vinham as tempestades; quando ela o comia, havia um eclipse. Mas as vitórias de Apep eram sempre temporárias, e todas as noites Set estava de volta à frente do barco para jogar sua lança na serpente.

Mais tarde na história egípcia, depois de terem sido conquistados pelos núbios, assírios e persas, um depois do outro entre 800 a.C. e 525 a.C., o deus dos estrangeiros não eram mais bem-vindos ao redor das pirâmides. É por isso que, mais tarde, os egípcios consideraram Set como mal.

A adoração de Ba’al-Set continuou no norte do Egito por pelo menos quatrocentos anos, bem depois dos Hyksos saírem do país. Na verdade, os faraós da dinastia de Ramsés, os quais foram os primeiros reis egípcios a serem chamados de faraós (o que significa que esse termo não era usado nos dias de José e Moisés), eram adoradores de Ba’al-Set. O pai de Ramsés o Grande era chamado de Seti I, literalmente “o homem de Set”. Muitos outros reis do período de Ramsés, incluindo Seti II e Setnakht (“Set é forte”), também recebiam o nome do deus.

Existe alguma especulação em Ramsés o Grande ter sido ruivo (verdade!), pois sua família pode ter sido descendente dos invasores Hyksos. Seja qual for a razão, Ramsés II construiu uma estela em Pi-ramsés, perto do local da antiga capital dos Hyksos, Avaris, para comemorar o 400º aniversário de Set fazendo… alguma coisa. Os estudiosos não têm certeza de exatamente o que era. O nome sem imaginação de Ano 400 Estela mostra Seti I dando vinho de presente a Set, o qual é mostrado como as imagens de Ba’al encontradas do Levante, com uma cabeça humana, ao invés da cabeça de tamanduá mais familiar à história egípcia mais tardia.

400years
A Estela 400 mostra Seti I (direita), pai de Ramsés o Grande, e o deus Set (esquerda), o qual era identificado como Ba’al no Egito por quase todo segundo milênio a.C.

Uma vez que a estela aponta há quatrocentos anos a aproximadamente 1.650 a.C., ela poderia marcar a chegada de Ba’al-Set no Delta do Nilo. Voltando 215 anos atrás da data do Êxodo de 1.450 a.C., esse é exatamente o tempo em que Jacó e sua família chegaram no Egito.

Mais uma vez perguntamos: Coincidência?

Quando Yahweh lidera os Israelitas para fora do Egito, Ele ordena a eles para voltarem e fazerem um acampamento na praia do Mar Vermelho encarando algo chamado Baal-zefom a noite toda. Por que? Especificamente então eles atravessariam o Mar Vermelho bem na frente dele.

Aqui vai algo engraçado: como adoradores do deus-deserto Set, o exército egípcio provavelmente achou que eles tinham os Israelitas bem onde eles queriam.

Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Eles estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou.

Êxodo 14:3

Pegos em frente a Baal-zefom entre áreas controladas pelo seu deus, Ba’al-Set, mestre do mar e deus do deserto, os egípcios devem ter pensado que os Israelitas estivessem numa armadilha sem esperanças!

Isso nos traz de volta à nossa questão anterior: O que era Baal-zefom, e por que era tão importante? Por que Deus disse a Moisés para voltar para que seu confronte acontecesse ali?

Aqui vai o porquê: o nome da montanha sagrada de Ba’al, que está há mais de quinhentas milhas ao norte do Delta do Nilo, era o Monte Zafom.

Hmm… Zefom, Zafom. O mesmo nome, transliteração diferente em português. Coincidência?

Não! A travessia do Mar Vermelho foi uma esmagada sobrenatural! Ba’al era o deus das tempestades, o deus que venceu o deus caos primordial do mar, Yam. Por causa disso, Ba’al era o deus da navegação marítima e o deus patrono dos marinheiros.

Então Yahweh não apenas libertou os Israelitas “das mãos de faraó”, Ele os libertou das mãos de Ba’al. E para ter certeza de que ninguém deixaria de entender a mensagem, Ele o fez em frente ao local dedicado a Ba’al, e dominando o mar, que era domínio de Ba’al.

Esse foi um tiro certeiro projetado! Assim como Babe Ruth em Wrigley Field na Série do Mundo de 1932, o confronto no Mar Vermelho foi construído por Yahweh para servir como notícia aos Caídos: Meu povo está livre de sua escravidão e agora estamos indo ao ataque.

Essa foi a razão da travessia. Yahweh usou isso para demonstrar o Seu poder, sim, mas com um propósito específico, deixar bem claro aos Israelitas que o EU SOU é incomparável, imbatível e soberano. Foi uma demonstração da Sua autoridade sobre as entidades divinas que escolheram abusar das responsabilidades que Ele deu a eles depois de Babel. Foi uma mensagem clara para os deuses que os dias de sua rebelião estavam contados.

CONTINUA: A INIQUIDADE DOS AMORITAS: BABILÔNIA, OG E OS ANJOS QUE PECARAM!