O GRANDE INÍCIO – PARTE 11

O Mistério de Inanna, a Deusa Patrona de Ninrode

Ninrode foi da segunda geração depois do dilúvio. Seu pai foi Cuxe, filho de Cam, filho de Noé.

Na história suméria, o segundo rei de Uruk depois do dilúvio se chamava Enmerkar, filho de Mesh-ki-ang-gasher.

Enmerkar também é uma palavra composta. O prefixo en significa “senhor” e o sufixo kar é o sumério para “caçador”. Então Enmerkar era Enmer o Caçador. Soa familiar?

Cuxe gerou também Ninrode, o primeiro homem poderoso na terra. 9Ele foi o mais audaz e corajoso dos caçadores diante do SENHOR, e por esse motivo há o ditado: “Valente como Ninrode!

Gênesis 10: 8-9

Os hebreus, fazendo o que amavam fazer com a linguagem, transformaram Enmer, formado pelas letras N-M-R (lembrem-se, não existem vogais no antigo hebraico), em Ninrode, que faz soar como marad, a palavra hebraica para “rebelde”.

Agora vejam só: um poema épico de aproximadamente 2000 a.C., chamado Enmerkar e o Senhor de Aratta preserva os detalhes básicos da história da Torre de Babel.

Não sabemos exatamente onde era Aratta, mas pistas mostram que ficava do norte do Irã até a Armênia. (Isso é interessante. A Armênia não está apenas localizada perto do centro de um antigo reino chamado Urartu, o qual pode ser um cognato de Aratta, onde Noé chegou com seu barco, as montanhas de Ararat. Então é possível que Ninrode / Enmerkar estavam tentando intimidar as pessoas, seus primos, basicamente, os quais se assentaram perto de onde seu bisavô chegara com a arca. Mas não sabemos). Seja lá o que aconteceu, Enmerkar conquistou seu reino vizinho e os compeliu a enviarem materiais para a realização dos projetos do fundo do seu coração.

Alguns detalhes: o poema se refere à cidade capital de Enmerkar, Uruk, como o “grande monte”. Isso é intrigante, uma vez que Uruk, como a maiora da Suméria, se localiza numa planície aluviana onde quase não existem montanhas. Uruk era o lar de dois deuses chefes do panteão sumério: Anu, o deus do céu, e Inanna, sua neta, a deusa da guerra e do sexo. (E por sexo, queremos dizer o carnal mesmo, fora do casamento.)

Enquanto Anu estava quase que aposentado (como o posterior deus cananeu El), deixando seus deveres nas mãos do cabeça do panteão, Enlil, Inanna tinha um papel bem ativo na sociedade suméria. Por exemplo, os estudiosos traduziram textos de rituais que os sacerdotes oravam para Inanna, pedindo a ela que os seus bordéis garantissem lucro.

Aparentemente, parte do problema entre Enmerkar e o rei de Aratta, cujo nome aprendemos de um épico separado, e se chamava Ensuhkeshdanna, era uma disputa por saberem quem era o favorito de Inanna. Um dos projetos da construção que Enmerkar queria atingir era o de um templo magnífico para Inanna, o E-ana (“Casa do Céu”). Ele queria que Aratta fornecesse os materiais necessários. Aparentemente, não era só porque parecia não haver madeira suficiente, ou jóias ou metais preciosos nas planícies da suméria, mas porque Enmerkar queria que o senhor de Aratta se submetesse ao conhecimento de que ele, Enmerkar, era o preferido de Inanna. E então Enmerkar orou à Inanna:

‘Minha irmã, fazei com que Aratta molde o ouro e a prata cuidadosamente em meu favor por Unug (Uruk). Fazei com que eles retirem os perfeitos lápis lazúli dos blocos, fazei com que eles… o translúcido lápis lazúli…. ….. construir um monte santo em Unug. Deixe Aratta construir um templo trazido do céu, seu local de adoração, o Santuário E-ana; que Aratta cuidadosamente molde o interior do sagrado jipar, sua morada; que eu, a radiante juventude, possa ser abraçado ali por ti. Que Aratta seja submetida além do jugo por Unug a meu favor’.

Notem que o templo de Inanna era, como Uruk, comparado a um monte sagrado. E dado o tipo de deusa que era Inanna, o abraço que Enmerkar queria era muito mais do que uma figura de linguagem.

inanna-sumerian-godSendo honesto, algumas mensagens entre Enmerkar e Ensuhkeshdanna sobre Inanna eram uma dessas conversas em portas trancadas que fizeram Donald Trump ter problemas durante sua campanha presidencial de 2016.

Paremos por um instante para darmos uma breve olhada no papel de Inanna na história humana. A deusa tem sido conhecida por muitos nomes através das eras: Inanna na Suméria, Ishtar na Babilônia, Astarte em Canaã, Atargatis na Síria, Afrodite na Grécia e Vênus no mundo romano. Digamos apenas que a imagem que nos ensinaram sobre Afrodite / Vênus na mitologia do segundo grau da escola ficou devendo em informações.

Uma vez que desejamos manter esse livro como algo amigável à família, não iremos nos aprofundar muito dentro da história e características de Inanna. Os estudiosos não concordam completamente sobre alguns detalhes. Mas é seguro dizer que Inanna não era exatamente o tipo de moça que você gostaria de levar para sua casa e apresentar à sua mãe.

Na verdade, ela nem sempre foi uma moça, ponto final. Vejam, enquanto Inanna era definitivamente uma deusa entendível quando o assunto era apelo sexual, ela também era andrógina. Ela era mostrada, às vezes, com características masculinas como uma barba. Numa tábua (embora muito posterior, no primeiro milênio a.C., quase três mil anos depois de Ninrode), Inanna disse: “Quando me sento na casa de adoração, sou uma mulher, e sou um exuberante homem jovem”. Os seguidores do seu culto incluíam eunucos e travestis, e ela foi aparentemente a primeira na história a praticar uma substituição de sexo:

Ela (troca) o lado direito (masculino) com o lado esquerdo (feminino),

Ela (troca) o lado esquerdo pelo lado direito,

Ela (transforma) um homem numa mulher,

Ela (transforma) uma mulher em um homem,

Ela adorna um homem como uma mulher,

Ela adorna uma mulher como um homem.

É impressionantemente irônico. A ideia progressista do Século XXI de uma fluidez de gênero já havia sido personificada há mais de cinco mil anos atrás pela deusa suméria Inanna, uma mulher que fazia muito (ou mais) sexo e batalhas do que os homens, indo a todos os cantos com amor e guerra, e era melhor que os homens em ambos. Sua personalidade é celebrada pelos estudiosos modernos como sendo complexa e corajosa, transcendendo as regras tradicionais de gênero, transformando Inanna num ícone da independência homem/mulher/outros.

Existe um debate em andamento entre os estudiosos para saber se os sacerdotes de Inanna se envolviam em rituais de sexo. O conceito de casamento divino era comum na antiga Mesopotâmia, mas geralmente os participantes eram um deus e sua consorte. Para que os rituais objetivavam agradar ao deus de tal forma que ele se tornasse receptivo aos pedidos de uma cidade ou rei sob sua proteção.

No entanto, como um harmitu, que pode ser entendido como a “prostituta do templo” ou talvez simplesmente se referir a uma simples mulher, a própria Inanna participava do ritual com um rei. E uma vez que ela era a parceira dominante no ritual de cópula, as regras do gênero podem não ter sido claramente definidas como podemos presumir.

De uma perspectiva cristã, no entanto, Inanna não era tão complexa assim. Ela seria uma péssima ideia de roteiro de Hollywood como garota para um menino de 15 anos de idade. Inanna é egoísta, governada por suas paixões, e destrutiva quando ela não consegue o que quer. O herói sumério Gilgamesh, que governou Uruk por duas gerações depois de Enmerkar, é lembrado parcialmente por satisfazer Inanna. Como ele mostra na história, cada um dos homens de sua vida sofreu consequências horríveis. Por exemplo: Dumizi, o pastor, que governava como rei em Bad-Tibara, a segunda cidade da Suméria a exercer reinado depois de Eridu.

No mito, mesmo Inanna tendo se casado com Dumuzi, ela ficou feliz em derrubá-lo enquanto demônios tentavam pegar seu filho mais novo, Lulal (o deus patrono de Bad-Tibara), de volta ao submundo. Na exortação de Inanna, os demônios pouparam Lulal e levaram Dumuzi. A irmã de Dumuzi pediu por ele, então Inanna concordou em que ela tomasse o lugar dele por meio ano, fazendo de Dumuzi o primeiro de muitos a “deuses a morrer e renascer” no antigo Oriente Próximo.

Mais de dois mil anos depois, uma das abominações que Deus mostrou ao profeta Ezequiel foi uma mulher na entrada no portão norte do Templo chorando por Dumuzi, chamado de Tammuz na Bíblia.

Bem, por sua imprudência em ousar lembrar de Inanna sobre o destino de Dumuzi, e aos outros pobres imbecis que sucumbiram aos encantos da deusa selvagem, ela voou ao céu em fúria e mandou que seu pai, o deus do céu Anu, libertasse o Búfalo do Céu sobre Gilgamesh. Isso não deu muito certo para o Búfalo do Céu, mas infelizmente para Gilgamesh, seu melhor amigo Enkidu foi morto pelos deuses como punição por estragar a vingança de Inanna.

Compartilhei tudo isso com vocês para que chegássemos a um ponto: Essa é a deidade que Enmerkar / Ninrode queria fazer como deusa patrona de sua cidade, Uruk! (Substituindo seu pai Anu, ironicamente). Poderia essa veneração da violência, sexo louco, troca de gênero de Inanna seres os responsáveis pela decisão de Yahweh em parar com a construção da montanha artificial de Ninrode?

Bem, provavelmente não. Inanna já saboreava uma longa jornada perto do topo da lista das Deidades Mais Populares. E por que não? Vender humanos dentro do conceito de sexo como adoração é fácil.

Observem os valores de nossa sociedade moderna, não é viajar muito dizer que Inanna é o espírito de nossa era. A troca de gênero é o sabor do mês dentre os progressistas ocidentais. Os valores de Inanna: gratificação imediata e sexo com qualquer um ou coisa do tipo, são consideradas coisas de pessoas de mente aberta, tolerantes, e são mais amados do que virtudes como a castidade, fidelidade e a fé introduzida por Yahweh muito depois de Inanna ter sido primeiramente aforada como a Rainha do Céu.

Ironicamente, isso significa que as então chamadas ideias progressistas sobre gênero e moralidade sexual são, na verdade, regressivas! Os iluminados pensam que eles estão na vanguarda, entrando em novos campos e quebrando velhos paradigmas quando, na verdade, eles apenas estão ajustando seus calendários para trás há mais de mil anos antes de Abraão.

Se Yahweh veio genuinamente intervir para parar com o culto de Inanna, ela deveria ter sido esquecida há muito tempo, como Enki. E Miley Cyrus seria uma aberração, e não uma heroína cultural.

Não, a transgressão de Ninrode foi muito mais séria. Além de construir um templo fabuloso para a deusa das prostitutas, ele também queria expandir e fazer um upgrade na casa do deus Enki, o abzu: o abismo.

Para saber mais sobre essa história, leiam a Parte 04 dessa série: Babel, o Abismo e o Portão dos Deuses.